quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Palavras. Ou a falta delas.


Nesta noite que tão a leste está de mim,
as tuas palavras ora doces, ora indiferentes,
não são para mim.

E eu que aguentei um dia tão cheio e tão vazio,
esperei para ouvi-las,
mas não ouço.
Elas não são para mim.
Não são para mim e talvez não sejam para mais ninguém.

Estás tão longe,
indiferentemente distante.

Tento as palavras certas para ouvir algo certo, errado ou nada disso.
Não importa, basta que digas alguma coisa.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Utopia(?)


O sol brilha, quente, no céu tão limpo, azul-claro.
O frio do dia mais frio, gela-me a cara, as mãos que estão fora dos bolsos.
Os meus passos são vacilantes neste chão incerto e as minhas pernas cortam o ar pesado e leve.

A minha cabeça nunca pára,
sempre de um lado para o outro
e a lembrança de palavras trocadas, assoma à minha mente.

Não sei defini-lo, é muito diferente do que já estou habituada.
Ou talvez seja eu quem quer que assim seja.

Mil perguntas que não tenho coragem te de fazer, percorrem a minha alma,
censurando-me pela minha cobardia,
ou pela minha prudência, não sei bem.

Tudo o que sei é que te sinto distante,
e os meus dedos pálidos tentam alcançar-te.
Mas a cada passo nosso, a distância entre nós aumenta, abrindo-se num abismo abismal,
que nem tu nem eu conseguimos atravessar.
E pergunto-me se os teus passos não serão utopia minha.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Memória


Havia tanto barulho, tanta agitação naquele passeio estreito,
com as pedras brancas da calçada a espreitar,
de olhos curiosos postos em nós.

Essa tua cara agastada,
o tom único da tua pele,
mostram o que eu já sei.

As tuas feições estão marcadas
pelo pó do tempo,
pelas consequências que não soubeste medir
e que te escuressem o rosto.

Mas os teus olhos escuros,
esses são os mesmos,
com o mesmo brilho que sempre lhes conheci
e do qual gostei como ninguém.

Olhá-lo outra vez,
foi ver tudo o que aconteceu há tanto tempo, mas que nunca esqueci.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Lua Cheia


Já está frio demais para estar fora de casa,
mas ainda o sinto cortante, na cara, nas mãos.

A luz já é fraca
e provém das poucas salas ainda a uso.
A escuridão abate-se sem ser preciso encará-la, o que, no entanto, faço.
Uma estrela tímida descobre-se no meio daquele barulho de que me abstenho.
Olho para todos os lados mas não vejo mais nenhuma, e aquela é tão bonita, tão brilhante...

Procuro então pelo mais importante: a Lua.
Tão perfeita e luminosa, Cheia,
querendo destacar-se naquele céu que quer ser escuro, mas ainda não é.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Bolhas de sabão


Olho para a caixinha, e logo me lembro:
recordações da pequena mãozinha que a segurava,
e a pequena boca que soprava.

Por magia, via as bolhas de sabão flutuar,
umas preferiam o chão,
outras as alturas.

Coloridas, de mil reflexos,
rebentavam divertidas,
uma a uma.

E agora, fazem o mesmo,
umas preferem o chão,
e outras as alturas.

Coloridas, de mil reflexos,
rebentam divertidas,
uma a uma.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Flor invernil


O sorriso que agora trago,
é como uma flor que decidiu florescer no Inverno,
depois de uma apatia imensa, pelo sol, pela água.

As coisas mudaram,
mas verdadeiramente nada mudou,
nada é novo.
Acho que fui eu que mudei.

As razões são desconhecidas,
ou talvez difíceis de mostrar.

É como uma flor que decidiu florescer no Inverno.


(esta foto tem direitos de autor: Christina Ramos "Chris" em http://exposicaoaberta.blogspot.com/)

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Branca de Neve


"Lábios vermelhos como uma rosa,
cabelo negro como o ébano
e pele branca como a neve.
Ela é a mais bela".

Memória de princesa preferida,
de músicas esquecidas,
gestos escondidos.
Nostalgia permitida.

As caras doces,
os olhares gentis,
trazem a alegria passada
e o medo tonto de criança.

A perfeição da inocência
e a inocência da perfeição,
ali, numa história de crianças.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Estado


O caminho de pedras de calçada
branco sujo,
com a grade, os arbustos de folhas grandes de um lado,
o vazio, o barulho, as máquinas mortas do outro,
dizem-me que tenho de ir.

Quero voltar para trás, mas as pernas avançam maquinalmente,
como se alguém lhes tivesse dado corda
num segundo de distracção.

O vento, gentilmente, refresca a minha cara, gelando-a.
Ergo a cabeça para o céu, num suspiro conformado
e vejo-o cinzento.
Um cinzento escuro, muito escuro,
terrivelmente escuro, quase tão escuro como carvão,
onde as nuvens movem os corpos indefiníveis, rapidamente,
numa sensação de desânimo permanente.

Ora desabafam chorando grossos pingos de chuva que caem furiosos no asfalto culpado,
ora disfarçam o choro com a chuva que mal se sente,
que cai surdamente nas folhas caídas, secas, por estalar.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Desabafo




Desvaneceu-se sem me ter apercebido.

Era uma amizade disfuncional,
mas era amizade.
Agora, olhas para mim como se fosse uma estranha,
e é o que acabo por ser,
tal como tu acabaste por sê-lo para mim.
Mas já não há retorno, manternos-emos assim.

Talvez a culpa tenha sido minha, talvez,
mas pura e simplesmente não podia aguentar mais.

Lamento.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Estilhaços de uma noite


Destruído, estilhaçado, dilacerado...
Tudo acabou...

Num segundo, aquilo que era perfeito,
a única coisa que me fazia suportar tudo e todos,
saltou com força das minhas mãos escorregadias,
caindo, inevitavelmente, no chão duro de pedras negras, que se riem de mim,
que troçam da minha ingenuidade,
estilhaçando-se em mil pedaços.

Caio sobre aquela destruição,
que me destrói lentamente o corpo e a alma.
As lágrimas escorrem pela minha cara,
terminando no todo que agora está dilacerado,
fazendo eco, um eco sem som, que ecoa na minha cabeça,
tombando-a no chão.

As minhas mãos sem vida procuram
os pedaços do que está acabado para sempre.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ensaio


A vida vai passando pelos meus olhos,
pelo meu corpo,
pela minha alma.

A cada segundo,
a minha maneira de olhar o mundo,
o meu corpo, a minha alma,
mudam.

E talvez não seja uma boa mudança,
ou talvez seja.
Não sei e acho que ninguém sabe.

E sinto que sou a única,
e não sou...
Bem, realmente não sei.


(originalmente escrito em Inglês)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

?


A vida é um eterno ponto de interrogação.
Tudo é pergunta,
mas nem tudo é resposta.

Queria acabar com as perguntas,
os pontos de interrogação,
e pôr um ponto final.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ilusão


Estúpida ilusão.
Como pude?
Estúpida ilusão.
Evitá-la foi tão impossível,
agora é inevitavelmente frustrante.

A estúpida ilusão que me perseguiu
naquela memória que quero apagar,
daqueles olhos tão hipnóticos
que me olharam tão fixamente,
obrigando-me a desviar os meus.

Já esqueci tudo isso,
aquele olhar intenso...
Ou pelo menos tento.

domingo, 18 de outubro de 2009

Aqueles olhos

Aqueles olhos azuis esverdeados,
aqueles olhos verdes azulados,
que tão bem me prenderam,
naquele momento tão hipnótico.

Aqueles olhos
que me vêem ao pensamento
a todo o instante
e não me deixam esquecê-los.

Aqueles olhos azuis esverdeados,
verdes azulados,
que nem consigo definir,
mas não consigo esquecer.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Saudades


Saudades de muitas coisas
que significavam pouco
e agora significam muito,
saudades de poucas coisas
que significavam muito
e agora significam pouco.

Saudades das manhãs passadas,
em que voltava a ser criança.

Saudades das tardes,
partilhadas com uns e outros.

Saudades das noites esvoaçantes,
que não voltam.

Tudo se foi,
tudo o tempo, o vento levou.
Talvez volte ou não.
Talvez venha algo.
Quiçá.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Não sei


A torrente soltou-se dos meus olhos de água,
sentida como há muito não era,
deixou aquele sabor amargo na boca angustiada,
no rosto toldado,
na alma contorcida.

Os cabelos molhados tapavam-me a face que sofria, encharcada,
ao som do coração desenfreado.

Não digo que sei,
preferindo acreditar e fingir que não sei.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Oca


Desprovida de sentimentos,
desprovida de emoções,
desprovida de palavras,
desprovida de pensamentos.

Oca.
Vazia.
Oca.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sufoco


Peço a Deus ou a alguém,
que faça o tempo andar mais depressa,
para poder sair deste sufoco.
Mas de cada vez que olho para os ponteiros do relógio,
passaram, no máximo, cinco minutos.

A vontade de sair dali,
daquela sala que parece sufocar-me,
parece querer sufocar-me ainda mais.

Mas, tudo, tudo acaba.

Renovações


Grandes renovações vêm aí,
sinto-o.
Sinto-o a cada golfada de ar que inspiro,
a cada pedaço de chão que piso.

Muitas coisas parecem querer mudar.
Nada versáteis, parecem não se ter adaptado a mim e à minha vida.
Parecem querer mudar por tempo limitado...
Ou ilimitado, não sei.

Grandes renovações vêm aí,
sinto-o.
Sinto-o a cada palavra proferida,
a cada segundo trespassado.

Grandes renovações vem aí,
sinto-o.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Coisas


Coisas complexas,
desconexas,
incompreensíveis,
irredutíveis.

Parece que tudo é assim,
coisas demasiado intensas,
demasiado angustiantes,
demasiado complicadas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Alice


A Alice do País das Maravilhas
adormeceu e teve o sonho da sua vida,
como se toda a sua existência se tivesse passado ali, no País das Maravilhas,
onde tudo acontece.

Inocente criança que cai na toca do coelho.
E então, tudo muda.

O País das Maravilhas, irreal,
onde tudo acontece,
onde a noção se perde.
(obrigada ao Jorge, mais uma vez)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Desânimo


Senti o desânimo invadir-me,
atacar-me com toda a força,
sem me dar tempo de o impedir.

Fui para mais perto da rua,
olhei o céu negro da noite,
em busca do consolo das estrelas,
mas nem isso tive.

Fechei os olhos num instante
e senti o vento trespassar tudo.

Só preciso de ouvir o vento
para saber que tudo ficará bem.

sábado, 29 de agosto de 2009

É real?


Na habitual conversa,
ele mostrou-me aquela fotografia,
de que ele tanto tinha gostado,
partilhando-a comigo.

Olhei-a atentamente,
aquela aura mágica enfeitiçou-me imediatamente,
como se do pó da varinha de condão de uma fada se tratasse.

Aquele imenso verde
que habita naquelas paredes,
naquele chão,
aquelas flores...

É real?


(ao Jorge, mais uma vez obrigada por me dar a oportunidade de escrever sobre estas maravilhas. Dedicado a ele)

Rosa


A Rosa no jardim
de terra seca
e poucas plantas,
é vermelha cor de sangue.

A Rosa chora,
caída, murcha,
sozinha, abandonada,
triste, inconsolável.

A Rosa clama,
por alguém que lhe dê vida,
que a chame de "perfeita",
que lhe chegue ao coração.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O cair da noite

O sol já vai ao encontro do horizonte,
mas a noite ainda nem caiu.
A lua já se acomodou,
já está sentada no céu azul claro.

As estrelas ainda se estão a arranjar,
ainda não chegou a sua hora,
ainda não chegou a hora do espectáculo,
a hora de iluminar o céu com a lua.

Ainda não chegou a hora
que chega docemente.

domingo, 23 de agosto de 2009

Pedaços de chão


Naquela água tão límpida,
onde lhe vejo o fundo,
ajoelho-me no chão
e mergulho as mãos na areia.

Com as mãos em concha,
agarro um pedaço de chão
e observo as pequenas pedrinhas,
tão pequenas e brilhantes.

Atiro-as dentro de água
e vejo-as pairar, por pouco tempo,
até caírem nas minhas mãos,
ou no fundo.

Pedaços de vida e de tempo.
Pedaços de chão.

sábado, 22 de agosto de 2009

Flor de Lótus


Tão simples,
a Flor de Lótus mora nos lagos,
junto dos nenúfares,
junto dos peixes.

Poucos reparam nela,
e isso fá-la chorar pétalas de desgosto.
Os peixes tentam consolá-la, saltando no lago,
os nenúfares choram com ela lágrimas de orvalho.

A Flor de Lótus mora nos lagos,
junto dos nenúfares,
junto dos peixes,
chora pétalas de desgosto.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Flor de Algodão


A Flor de Algodão,
tão frágil, tão delicada,
parece querer tocar no céu quando é agitada pelo vento.

A Flor de Algodão,
tão macia, tão suave,
parece querer dizer para a apanharem.

A Flor de Algodão,
tão valiosa, tão intocável,
parece querer mostrar a sua preciosidade.

Céu


Sempre sereno e tranquilo, de azul,
sempre aborrecido e enfadado, de cinzento,
sempre majestoso e imponente, de negro.

Tão acima de nós,
tão desconhecido,
tão (in)alcançável,
tão pretendido.

Um pedaço de Céu.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O Tempo


O Tempo como o Vento urge à minha frente,
corre, corre e não me deixa acompanhá-lo,
corre, corre sem dó nem piedade.

O Tempo como o Vento urge à minha frente,
corre, corre e deixa-me cansada,
corre, corre e envelhece-me a cada dia que passa.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Gato

O Gato sentado no parapeito da janela,
de pêlo negro e olhos amarelos
concentra a sua atenção em algo que não se vê.

O Gato sentado à janela,
de pêlo escuro e olhos dourados
só presta atenção a algo que não se vê.

Rosa de Prata

A Rosa de Prata tão bela e perfeita,
no jardim de ouro e mármore,
tão frágil e imponente,
tão brilhante e reluzente.

A Rosa de Prata é a única rosa
do jardim dourado e marmóreo
onde os Zéfiros se passeiam
e as Deusas e Ninfas beijam o chão.

A Rosa de Prata está presa ao jardim
preso na perfeição.

sábado, 15 de agosto de 2009

Rio

A água cantando
pelas pedras grandes e pequenas,
rodeada pela vegetação.

O caminho é íngreme,
areia e pedras quase me fizeram cair,
mas nada chegou para me impedir.

Não me importava de ficar aqui para sempre.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Memórias


Passo por aquela paisagem tão simples,
aqueles sobreiros tão gastos pela idade
mas com tanto pela frente...
Logo me lembro daqueles momentos.

Aquele riso tão próprio,
tão desprovido de coisas más.
As partilhas que provam a amizade.
A cumplicidade eterna.
Tudo tão genuíno.


(em grande parte, à Genésia)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Desencontros

Caminhamos em estradas estreitas, paralelas.
Ris bem alto e nem me vês,
nem vês que te bebo os passos.
Não olho sequer para a minha estrada.

Continuas tão seguro de ti,
sem medo algum do caminho que percorres.

Pela primeira vez ponho os olhos no meu,
não consigo ver-lhe o fim,
apenas a linha ténue do horizonte.
Os nossos caminhos nunca se cruzam.


(à Filipa, por ser o preferido dela)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Gruta


Virando a esquina da rocha,
vejo o espaço que o mar ainda não engoliu.

Aquele espaço tão cheio de tudo e tão cheio de nada,
cheio de magia e de areia e pedra.

A abertura que a rocha deixou formar
permite que uma réstia de sol entre.

O mar avança levemente na sua direcção
chamando-a pelo nome.
(ao Gordo, meu admirador, o primeiro a lê-lo)

sábado, 8 de agosto de 2009

Paraíso


Paraíso dos paraísos,
a água que reflecte o céu,
lugar mágico e inigualável.

Magnífico pela sua simplicidade,
paraíso dos paraísos.


(obrigada ao Jorge por me ter mostrado os lindíssimos vídeos da extraordinária Bolívia, que me inspiraram para este poema. Por isso, dedico-lho)

O Céu sai à rua

O Céu sai à rua.
No seu vestido azul-claro de seda
passeia-se no meio dos outros,
confundindo-se com eles,
com um brilho que mais ninguém vê.

O Céu sai à rua.
No seu vestido azul-escuro negro de seda
passeia-se no meio dos outros,
confundindo-se com eles,
deixando que o brilho se perca.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Necessidade

Necessidade intemporal,
sentimento eterno,
de mudança, algo novo
que faça diferença,
que faça viver com emoção.

Necessidade eterna,
sentimento intemporal.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Luar


O céu negro junta-se ao mar,
invisível, audível,
que faz desembocar suaves ondas
na também escura areia.

A luz brilhante, clara, incandescente,
faz-se reflectir no mar negro da noite,
trilhando um caminho até ao céu.
"Quando for grande andarei sobre o mar".

sábado, 25 de julho de 2009

Mar


A água com o seu travo salgado
desemboca em pequenas ondas espumosas,
com areia à mistura.

Ocasionalmente vê-se um peixe ou outro.
A água é transparente,
vê-se a areia dançar debaixo de nós.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Primeira praia


O vento apressado agita os cabelos,
faz o mar desdobrar-se em ondas irritadas,
as gaivotas protestam sobrevoando a praia.

Pedaços de conchas, pedras e búzios
amontoam-se na areia macia e cortante.

Pessoas passeiam-se calmamente,
entrando e saindo,
apresentando-se e despedindo-se.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Rio


As águas calmas,
serpenteiam no meu corpo,
águas límpidas,
que indiscretamente deixam as pedras espreitar
por entre os meus pés.

Avisto ao longe a mancha verde,
de eucaliptos e pinheiros,
respiro fundo e sinto a tranquilidade percorrer o meu espírito.

Sinto-me livre.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Noite

A noite de Verão
vai clara ainda,
sem lua, sem estrelas,
toma o lugar do dia.

Desce do céu até à terra,
despede-se do sol e das nuvens,
chama morosamente as companheiras.

A noite de Verão
sibila segredos,
faz promessas,
adormece todos.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Deserto


O calor abrasa-me a pele,
a boca ressequida implora por água,
os pés parecem pisar chamas.

Não sei o que faço ali,
não sei o que me levou lá,
sei apenas que as pernas caminham altivas
em busca de algo.

Não consigo parar,
as pernas não deixam.

"Só pararás quando encontrares...",
ouço na minha cabeça.
Mas eu não sei o que é,
nem encontro.

A busca é infinita.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Pôr-do-sol/Amanhecer



Levanto os olhos do chão
e ponho-os no céu.
É o fim do dia,
o fim de mais um dia.

O sol desce lentamente,
para se encontrar com o mar,
para se encontrar com a terra.
Desce lentamente.

O céu é colorido de tons indefiníveis,
tons de rosa,
tons de laranja.

É o cair da noite,
é o pôr-do-sol.



Amanhecer
Abro os olhos, pestanejo com a claridade
e ponho-os no céu.
É o início do dia,
o início de mais um dia.
O sol sobe lentamente,
para se encontrar com as nuvens,
para se encontrar com o horizonte.
Sobe lentamente.
O céu é preenchido de luz,
raios de sol,
que quase me cegam.
É o nascer do dia,
é o amanhecer.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Amor


Sentimento profundo,
que alegra e entristece,
que junta e separa,
que nasce e também se apaga.

Sentimento variado,
de amizade, família,
ou de simplesmente duas pessoas que se amam,
sem laço aparente.

Diferentes formas de amar,
diferentes formas de amor.
Mas o verbo é o mesmo,
e o nome é o mesmo.
Amar e amor.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Vazio


O vazio é imenso,
é um grande poço escuro e fundo,
do qual é impossível emergir.

O vazio é um vazio sem fim,
é uma angústia profunda e cruel
que me dilacera por dentro
e me desfaz em mil pedaços.

O vazio é imenso,
o vazio é um vazio sem fim,
do qual é impossível emergir
e me desfaz em mil pedaços.

sábado, 4 de julho de 2009

Sonho

Sonho que estou perdida na clareira,
só tenho árvores à minha volta,
árvores,
pedras,
arbustos.

De repente tudo se altera,
as árvores tombam e desaparecem,
as pedras alinham-se em duas filas,
os arbustos juntam-se-lhes.
Um caminho infinito abre-se.

Ouço ao longe, muito longe,
uma voz sufocada que grita o meu nome,
uma voz desesperada.
Conheço aquela voz mas não sei de quem é.

Corro para alcançá-la.
Corro eternamente para alcançá-la.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sentimentos

São coisas que se sentem
mas não se vêm,
são coisas que não se escolhem
mas são sentidas.

São coisas guardadas,
são coisas partilhadas.
São coisas que sabemos existir,
são coisas que sabemos sentir.

São coisas que nunca estão do lado da razão.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Decisões


Todos os dias,
a cada minuto,
a cada hora,
uma decisão é tomada,
escolhas são feitas,
caminhos são traçados.

Decisões irreversíveis,
escolhas incontornáveis,
caminhos para toda a vida.
Momentos difíceis de ultrapassar.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Vida

Caminho de terra batida,
mil e um cruzamentos,
pontes e atalhos.
Disto é feita a vida.

Caminhos cruzados,
vidas construídas,
estradas percorridas,
mundos encontrados.
Muitos e poucos obstáculos,
muitas e poucas saídas.

Vida.

Horizonte

Linha que separa o céu e a terra,
linha que separa o sonho da realidade,
linha que guia os pensamentos.

O horizonte é a linha invisível,
linha mágica,
linha que nos divide.

Horizonte,
é lá que eu moro.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Pensamentos

Estava deitada
e logo a minha mente vagueou.
Num momento estou a pensar nisto,
segundos depois naquilo,
e tento lembrar-me como fui ali parar.

Penso no passado,
penso no presente
e penso num futuro hipotético,
um futuro entre milhares que posso ter.

Penso.
Não cansa.
Gosto de pensar.
Mas talvez pense demasiado.

Perdi-me nos pensamentos.

Terra

Visito aquele sítio tão natural.
A terra está molhada,
noto-lhe o cheiro,
noto-lhe a textura.

Sento-me no tronco
e enterro as mãos no chão.
Agarro num pedaço,
e envolvo-o nos dedos,
que ficam sujos.

Levanto-me de um salto
e decido explorar aquele local.
E perco-me.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Jardim


Dei-me conta que vim parar àquele jardim,
não sei como.
Quando páro com os "comos" confusos,
aprecio aquele jardim.

Olho-os maravilhada
e vejo que nada é o que parece.
Aquele jardim é mágico.

Aquele jardim que só eu conheço como a palma da minha mão,
conta-me a sua história,
conta-me o que foi e quem é.
E mostra-me o que fui e quem sou.

Aquele jardim não é o que parece.
Aquele jardim é mágico.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Praia


Aquela praia quente chama-me.
Chama o meu nome com aquelas ondas pequenas,
aquela areia molhada,
aquelas rochas ardentes.
Parece-se com o canto das Sereias.

Aquela praia chama o meu nome,
diz-me que venha,
diz-me que viva.

Aquela praia quente chama-me.
Aquela praia chama o meu nome.

Arco-íris


A chuva precipitava-se sem medo na terra,
uma chuva leve e muda.
O céu surgia cinza claro
dando a deixa ao Sol quente.

A chuva parte,
de mansinho.
O céu aparece,
rompendo as nuvens.
O arco-íris surge
e encanta.

Vermelho de sangue,
Amarelo de felicidade,
Verde de esperança,
Laranja de calor,
Azul de paz,
Anil de mar,
Violeta de serenidade.

Arco-íris.
(obrigada à Filipa pela ajuda)

terça-feira, 16 de junho de 2009

És tu

Páro os meus devaneios e concentro-me no que está à minha volta.
Observo tudo com mais atenção.
Este tempo que não se define,
este cansaço que me faz pesar o corpo.

Mas nada disso é importante,
o tempo que não se define,
o cansaço que me faz pesar o corpo,
porque tu estás lá para fazer o sol aparecer
e tu estás lá para me aliviar o peso do cansaço.

És tu.

Lágrima

Lágrima.
Pequena gota que brota dos meus olhos quando tudo à volta desaba.
Lágrima.
A grande demonstração de que nada está bem.

Lágrima que deitei por tantas coisas.
Lágrima que ainda deito porque deitei.
Lágrima.

domingo, 14 de junho de 2009

Neve


Sentei-me no sofá grande,
que tanto tem para contar.
Ponho-me a imaginar.
Ao contrário do habitual, imagino uma paisagem mais natural...

Imagino-me deitada num grande manto fofo e branco.
Vejo que pedaços brancos caem do céu e juntam-se àquele infinito manto que me serve de chão,
um chão confortável, macio.
Um chão de neve.

A neve envolve-me
mas não me causa frio,
transmite-me uma sensação de tranquilidade
e ao virar-me para o lado,
lá estás tu,
deitado junto a mim.

Distância


Uma quantidade infindável de sentimentos assolam a minha mente.
Uma quantidade infindável de questões redemoinham na minha cabeça.

Sei que tenho de me decidir,
antes que cometa um erro
e o arrependimento se junte aos meus sentimentos.

Mas é então que olho para a paisagem lá ao fundo,
e uma nova pergunta se forma, atenuando as outras:
Se a esta distância não páro de pensar nele, isso quer dizer alguma coisa, certo?
E foi então que percebi.

Dente-de-Leão


Observo o único que cresceu no jardim.
Vejo-o frágil,
abanando ligeiramente,
ao ritmo da brisa calma e suave.

Pergunto-me porque sempre os achei fascinantes,
já que um sopro meu os destruía.

Talvez fosse essa a resposta.
Achava-os fascinantes porque sabia que um descuido os levaria de mim.

Então, guardo-os, deixo-os viver,
não deixo que ninguém lhes tire o encanto.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Perguntas


Tantas perguntas,
tantos porquês,
tantas questões para colocar...

De algumas nunca hei-de ter a resposta,
de outras não tenho a certeza se é a certa.
Os porquês são infinitos.
As questões têm ou não sentido.

Tantas perguntas que quero fazer-te...

Problema

Desde aquela marca que nada foi o mesmo.
Nada voltou a ser o mesmo.
É irreversível.

Nada é definitivo,
nada dura o tempo suficiente
e nada acontece como seria suposto.
Nada é definível.

Mas só eu tenho a chave para resolver o problema.

Água


Tantas formas,
tantos sentimentos.
A água.

Debruço-me no lago,
ponho as mãos em concha e mergulho-as na água.
Ela escorre-me por entre os dedos sem a poder manter nas mãos.

Inclino-me no rio,
vejo os peixes que nadam
e imagino-me a nadar com eles.

Sento-me à beira-mar
e sinto o aroma salgado.
Apanho uma concha e penso como seria bom morar no mar.

Quero fazer parte da água.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Impossibilidade

Pedes-me que não me aproxime mais.
Pedes-me que não me ligue demasiado a ti.
Pedes-me que me distancie.
Pedes-me que quebre os laços.

É impossível.
Gosto demasiado de ti,
seis anos contam demasiado para ser capaz de esquecer tudo.
Significas demasiado para ser capaz de tal coisa.

Pedes-me indirectamente que seja forte.
Pedes-me indirectamente que continue sem ti.
Mas é uma impossibilidade,
Melhor Amigo.


(Ao meu melhor amigo que nunca vou deixar. Por mais que queiras proteger-me Lucas, sou demasiado egoísta para conseguir afastar-me de ti. Adoro-te).

Árvores


O vento agita os corpos frágeis.
As folhas mexem-se em redor dos ramos.
O tronco forte e rugoso segura-as.
Tento olhá-las com atenção e compreendê-las.

Os pássaros criam os seus ninhos,
as flores crescem ao lado delas.

Árvores, amigas para sempre.