quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Não sei


A torrente soltou-se dos meus olhos de água,
sentida como há muito não era,
deixou aquele sabor amargo na boca angustiada,
no rosto toldado,
na alma contorcida.

Os cabelos molhados tapavam-me a face que sofria, encharcada,
ao som do coração desenfreado.

Não digo que sei,
preferindo acreditar e fingir que não sei.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Oca


Desprovida de sentimentos,
desprovida de emoções,
desprovida de palavras,
desprovida de pensamentos.

Oca.
Vazia.
Oca.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sufoco


Peço a Deus ou a alguém,
que faça o tempo andar mais depressa,
para poder sair deste sufoco.
Mas de cada vez que olho para os ponteiros do relógio,
passaram, no máximo, cinco minutos.

A vontade de sair dali,
daquela sala que parece sufocar-me,
parece querer sufocar-me ainda mais.

Mas, tudo, tudo acaba.

Renovações


Grandes renovações vêm aí,
sinto-o.
Sinto-o a cada golfada de ar que inspiro,
a cada pedaço de chão que piso.

Muitas coisas parecem querer mudar.
Nada versáteis, parecem não se ter adaptado a mim e à minha vida.
Parecem querer mudar por tempo limitado...
Ou ilimitado, não sei.

Grandes renovações vêm aí,
sinto-o.
Sinto-o a cada palavra proferida,
a cada segundo trespassado.

Grandes renovações vem aí,
sinto-o.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Coisas


Coisas complexas,
desconexas,
incompreensíveis,
irredutíveis.

Parece que tudo é assim,
coisas demasiado intensas,
demasiado angustiantes,
demasiado complicadas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Alice


A Alice do País das Maravilhas
adormeceu e teve o sonho da sua vida,
como se toda a sua existência se tivesse passado ali, no País das Maravilhas,
onde tudo acontece.

Inocente criança que cai na toca do coelho.
E então, tudo muda.

O País das Maravilhas, irreal,
onde tudo acontece,
onde a noção se perde.
(obrigada ao Jorge, mais uma vez)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Desânimo


Senti o desânimo invadir-me,
atacar-me com toda a força,
sem me dar tempo de o impedir.

Fui para mais perto da rua,
olhei o céu negro da noite,
em busca do consolo das estrelas,
mas nem isso tive.

Fechei os olhos num instante
e senti o vento trespassar tudo.

Só preciso de ouvir o vento
para saber que tudo ficará bem.