quarta-feira, 22 de junho de 2011

"Waiting for forever"


Vieste de mansinho.
E nem sabias que vinhas!
Nem eu!

E eu desconfiei que, de uma maneira ou de outra,
tinhas vindo para ficar.

Não foi preciso muito tempo
para eu perceber que eras especial.
Que eras genuíno, verdadeiro e importante.

Uma semana depois,
parte da magia começou, naquele singelo almoço.
E no dia seguinte, outra vez.
E depois no dia a seguir.

Até eu tomar consciência de tudo o que se passava,
que gostava de sentir a tua mão a agarrar a minha,
de olhar para os teus LINDOS olhos verdes.

Até eu tomar consciência de que tu és o meu príncipe.


<3

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vinhas sentar-te comigo, Ricardo


Vinhas sentar-te comigo, Ricardo, à beira do rio.
Sossegadamente fitávamos o seu curso e aprendíamos
Que a vida passa, e não tínhamos as mãos enlaçadas.
              (E eu queria tanto que as enlaçássemos.)

Depois, pensávamos, crianças adultas, que a vida,
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
               Mais longe que os deuses.
Palavras tuas...

Desenlaçávamos as mãos, porque tu dizias que não valia a pena cansarmo-nos...
Que quer gozássemos, quer não, passamos como o rio...
Que mais vale saber passar silenciosamente
              E sem desassossegos grandes...

Sem amores (como o meu), nem ódios, nem paixões (como a minha) que levantam a voz,
Nem invejas (e que inveja eu tinha dessa tua vontade de não te unires a mim, dessa tua ataraxia eterna) que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesses o rio sempre correria,
(E eu nunca fui peixe digno de atravessar o teu rio...)
               E sempre iria ter ao mar...

"Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,"
Que nunca quiseste que trocássemos.
Pois, "mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
              Ouvindo correr o rio e vendo-o."

Dizias-me para colhermos flores, para eu lhes pegar e as deixar
No colo, e deixasse o seu perfume suavizar o momento - que embora eu ame as flores que colhíamos, nunca quis que nada suavizassem.
Se é que haveria, de facto, algo para elas suavizarem...
E neste momento não cremos em nada,
             "Pagãos inocentes da decadência."

E quando fores sombra, lembrar-me-ei de ti depois,
Com a tua lembrança a arder-me, a fitar-me e a mover-me,
Apesar de nunca termos enlaçado as mãos, nem nos termos beijado
              "Nem termos sido mais do que crianças."

E se antes de ti levar o óbolo ao barqueiro sombrio,
Tu nada terás que sofrer ao lembrares-te de mim... (a tua incessante ataraxia...)
Ser-te-ei suave à memória, para tristeza minha, lembrando-te assim - à beira rio,
              "Pagã triste e com flores no regaço..."

Como eu queria ter sido para ti o que tu foste para mim.
"We could have had it all."

- Lídia.


(poema inspirado numa resposta ao poema Vem sentar-te comigo, Lídia de Ricardo Reis.)