sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ledo engano

Foi engano?
Foi ledo?
A vontade irascível de ser mais,
de ter mais,
de nunca parar,
de nunca me saciar.

A frustração.
A fome.
A infelicidade.
A inconstância.
O bom e o mau.

Exigir.
Impor.
Carecer.
Precisar.
Saber.
Odiar.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Insónia



Revolvo o corpo no lençol,
tento esvaziar a mente,
fecho os olhos,
e digo a mim mesma que tenho de dormir.

Há noites assim,
em que o corpo não quer descansar,
não quer desligar,
não quer que o dia acabe e comece um novo.

A cabeça revolve as mesmas músicas,
vezes e vezes e vezes, sem conta,
os mesmos pensamentos,
que já foram pensamentos de outros dias e de outras noites,
de outras horas,
e que por vezes julgo esquecidos e apaziguados na alma e no coração.

Pensamentos trazidos por palavras,
por imagens,
por memórias,
que não foram além do que agora é o passado,
e que não sabem existir segunda vez,
a não ser quando revividos na minha mente.

Convenço-me de que "o que tem de ser, tem muita força",
mas também me pergunto como seria,
se as coisas tivessem sido diferentes,
e se elas ainda podem ser diferentes,
como é que eu seria se elas fossem diferentes.

Há noites assim,
em que a cabeça não pára,
trabalha mais do que durante o dia,
amassa as mesmas ideias uma e outra vez,
faz as mesmas perguntas um número infinito de vezes,
e dá mil e uma respostas.

Há noites assim.



domingo, 22 de julho de 2012

Além

Lá além,
não muito longe,
na verdade, bem perto,
há coisas que nunca mudam.

A água que se desenrola,
lentamente, por vezes,
outras, com força,
nunca sai do mesmo sítio.

Vai e volta,
banha quem lá vai,
devolve o que quer
e também leva o que lhe apraz.

Lá além,
não muito longe,
há coisas que nunca mudam,
nós é que nunca somos os mesmos.


Foto retirada de: http://sanigourmet.gr/blog/2012/04/instalovers_gr-clubsocial-instagramhub-igerseurope-igers-igersgreece-sea-saniresort-beach-from-instagram/

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sete

Vagueio sempre pelos mesmos sítios,
sempre na minha companhia,
sempre sem ritmo,
sem horário.

Vou de olhos abertos,
mas parece que não vejo o que me rodeia.
Só vejo aquilo em que penso,
pois os meus pensamentos flutuam.

Quando volto a conseguir ver,
só há verde à minha volta,
e um sentimento de comunhão pleno e puro.

Sinto a força que os músculos das minhas pernas têm de fazer para subir os montes,
sinto a terra do chão que se entranha nos meus pés descobertos,
as pedras e galhos que por ali andam,
e que podem dificultar a minha progressão.

Vejo borboletas pousadas nas flores,
sinto o cheiro das árvores variadas,
sinto a natureza entranhar-se em mim.

E por momentos sinto que não há local mais tranquilo que aquele,
que não posso atingir a paz e a quietude em mais lugar nenhum
e sei que não há sítio mais bonito que aquele.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O inconfessável

É algo que "nem às paredes confesso".
Acho que nem a mim tenho coragem de confessar.

Há coisas que não se definem.
Pura e simplesmente não são pretas ou brancas.
Acho que finalmente acredito nisso e compreendo.

Há coisas que não se definem.
Não consigo definir o que sinto por ti.
Se é apenas o conforto que me trouxeste durante anos,
se é o laço invisível que me liga para sempre a ti, mesmo que não estejas comigo.
Mesmo que já não haja memórias recentes.
Mesmo que já não possas sentir o que sentias, e que eu nunca vi e não soube apreciar.

Sei que te amo. Isso sei.
Mas não sei de que forma.
Não sei se da mesma forma que tu, se de outra parecida ou oposta.
Sei que te amo. Isso sei.

Gostava de ouvir a tua voz, ou apenas ter uma notícia tua.
Gostava que te chegasses a mim, verdadeiramente,
e não ficasses por um aceno.
Um aceno que nem soube o que queria dizer.
Mas que me deu esperança, na altura.
Agora, quero mais.

Serás capaz disso, ainda?
Serás capaz de te aproximar de mim, sem medos, sem feridas antigas?
Eu queria.

Será um capricho meu?
Não, acho que não.
Espero que não.
Sei que não.

Estará um futuro reservado para nós?
Caminhos que foram trilhados durante anos, lado a lado,
que por um infortúnio se desviaram um do outro,
e que por um acaso, por algo, se voltarão a encontrar?
Serão trilhados lado a lado, novamente?


("I'm always in this twilight." - Florence & The Machine)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Sinto vontade

Sinto vontade de correr na relva,
sem nada que me prenda,
sem saber para onde vou,
sem saber quando vou parar,
sem me cansar.

Sinto vontade de ouvir os pássaros à minha volta,
de inspirar bem fundo
e de só ver coisas bonitas que enchem a alma.

Sinto vontade de ler um bom livro,
de me perder nos confins da imaginação,
de ir ao cinema,
de escrever,
de ser gente.

Sinto vontade de ser mais.

Sinto uma vonta imensa, frenética, à minha volta,
e dentro de mim.

Sinto vontade deste poema.
Sinto vontade.