quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Frio

Cada um no canto do cubo.

Tenho o corpo gelado, mesmo estando coberta,
mas o coração tenta aquecer.
Quem disse que era fácil?

O silêncio é o melhor tratamento,
mas há silêncios demasiado dolorosos,
eu conheço parte deles.
O silêncio é a resposta fácil para o orgulho,
o meu orgulho que nunca cessa.

Não sei que diga,
não sei se sei usar este orgulho que me consome.
Será faca de dois gumes?
Será protecção?
Ou será ferida?
Não sei que diga.

Ah palavras...!
Palavras cogitadas,
palavras ditas,
palavras causadoras.
Palavra última,
custe o que custar.

sábado, 29 de novembro de 2014

O aperto

Como um lenço rendilhado,
esburacado,
amachucado,
maltratado.

O buraco negro abre-se,
negro, tão negro.
Mais negro que a negritude de uma noite de Inverno,
e está frio, tanto frio...

As mãos gelam-se,
o coração sangrou,
a água brotou,
o peito abriu,
a dor saiu.
Mas também ficou.

Quem foi?
Quem disse?
Quem atirou?
Quem negou?

Dói,
abre a dor.
Diz-lhe para ficar.
Diz-lhe que sim.
Aceita, espera que fique.

Verdade.
Qual é o rumo?
A dor saiu,
presa num soluço,
num sacudir do corpo.
Mas também ficou.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

No labirinto,
na paz,
no espírito,
na alma,
no dia,
na noite,
na madrugada.

Disse quem era,
falou,
disse,
mostrou.

O fundo é mais verde que o verde do mundo,
mais fundo que eu,
mais fundo que tudo.

Fui um pouco a medo,
sem saber,
mas depois fui tudo.
Foi tudo.
Foi mais e melhor.

Foi lágrimas e sal,
foi suor e ardor,
foi sorriso e amor.

Foi doçura e ternura,
foi um abraço apertado
e um beijo prolongado.

Foi página aberta,
foi sonho partilhado,
foi palavra sussurrada,
foi amor dito e provado.