quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Palavras. Ou a falta delas.


Nesta noite que tão a leste está de mim,
as tuas palavras ora doces, ora indiferentes,
não são para mim.

E eu que aguentei um dia tão cheio e tão vazio,
esperei para ouvi-las,
mas não ouço.
Elas não são para mim.
Não são para mim e talvez não sejam para mais ninguém.

Estás tão longe,
indiferentemente distante.

Tento as palavras certas para ouvir algo certo, errado ou nada disso.
Não importa, basta que digas alguma coisa.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Utopia(?)


O sol brilha, quente, no céu tão limpo, azul-claro.
O frio do dia mais frio, gela-me a cara, as mãos que estão fora dos bolsos.
Os meus passos são vacilantes neste chão incerto e as minhas pernas cortam o ar pesado e leve.

A minha cabeça nunca pára,
sempre de um lado para o outro
e a lembrança de palavras trocadas, assoma à minha mente.

Não sei defini-lo, é muito diferente do que já estou habituada.
Ou talvez seja eu quem quer que assim seja.

Mil perguntas que não tenho coragem te de fazer, percorrem a minha alma,
censurando-me pela minha cobardia,
ou pela minha prudência, não sei bem.

Tudo o que sei é que te sinto distante,
e os meus dedos pálidos tentam alcançar-te.
Mas a cada passo nosso, a distância entre nós aumenta, abrindo-se num abismo abismal,
que nem tu nem eu conseguimos atravessar.
E pergunto-me se os teus passos não serão utopia minha.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Memória


Havia tanto barulho, tanta agitação naquele passeio estreito,
com as pedras brancas da calçada a espreitar,
de olhos curiosos postos em nós.

Essa tua cara agastada,
o tom único da tua pele,
mostram o que eu já sei.

As tuas feições estão marcadas
pelo pó do tempo,
pelas consequências que não soubeste medir
e que te escuressem o rosto.

Mas os teus olhos escuros,
esses são os mesmos,
com o mesmo brilho que sempre lhes conheci
e do qual gostei como ninguém.

Olhá-lo outra vez,
foi ver tudo o que aconteceu há tanto tempo, mas que nunca esqueci.