sábado, 29 de agosto de 2009

É real?


Na habitual conversa,
ele mostrou-me aquela fotografia,
de que ele tanto tinha gostado,
partilhando-a comigo.

Olhei-a atentamente,
aquela aura mágica enfeitiçou-me imediatamente,
como se do pó da varinha de condão de uma fada se tratasse.

Aquele imenso verde
que habita naquelas paredes,
naquele chão,
aquelas flores...

É real?


(ao Jorge, mais uma vez obrigada por me dar a oportunidade de escrever sobre estas maravilhas. Dedicado a ele)

Rosa


A Rosa no jardim
de terra seca
e poucas plantas,
é vermelha cor de sangue.

A Rosa chora,
caída, murcha,
sozinha, abandonada,
triste, inconsolável.

A Rosa clama,
por alguém que lhe dê vida,
que a chame de "perfeita",
que lhe chegue ao coração.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O cair da noite

O sol já vai ao encontro do horizonte,
mas a noite ainda nem caiu.
A lua já se acomodou,
já está sentada no céu azul claro.

As estrelas ainda se estão a arranjar,
ainda não chegou a sua hora,
ainda não chegou a hora do espectáculo,
a hora de iluminar o céu com a lua.

Ainda não chegou a hora
que chega docemente.

domingo, 23 de agosto de 2009

Pedaços de chão


Naquela água tão límpida,
onde lhe vejo o fundo,
ajoelho-me no chão
e mergulho as mãos na areia.

Com as mãos em concha,
agarro um pedaço de chão
e observo as pequenas pedrinhas,
tão pequenas e brilhantes.

Atiro-as dentro de água
e vejo-as pairar, por pouco tempo,
até caírem nas minhas mãos,
ou no fundo.

Pedaços de vida e de tempo.
Pedaços de chão.

sábado, 22 de agosto de 2009

Flor de Lótus


Tão simples,
a Flor de Lótus mora nos lagos,
junto dos nenúfares,
junto dos peixes.

Poucos reparam nela,
e isso fá-la chorar pétalas de desgosto.
Os peixes tentam consolá-la, saltando no lago,
os nenúfares choram com ela lágrimas de orvalho.

A Flor de Lótus mora nos lagos,
junto dos nenúfares,
junto dos peixes,
chora pétalas de desgosto.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Flor de Algodão


A Flor de Algodão,
tão frágil, tão delicada,
parece querer tocar no céu quando é agitada pelo vento.

A Flor de Algodão,
tão macia, tão suave,
parece querer dizer para a apanharem.

A Flor de Algodão,
tão valiosa, tão intocável,
parece querer mostrar a sua preciosidade.

Céu


Sempre sereno e tranquilo, de azul,
sempre aborrecido e enfadado, de cinzento,
sempre majestoso e imponente, de negro.

Tão acima de nós,
tão desconhecido,
tão (in)alcançável,
tão pretendido.

Um pedaço de Céu.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O Tempo


O Tempo como o Vento urge à minha frente,
corre, corre e não me deixa acompanhá-lo,
corre, corre sem dó nem piedade.

O Tempo como o Vento urge à minha frente,
corre, corre e deixa-me cansada,
corre, corre e envelhece-me a cada dia que passa.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Gato

O Gato sentado no parapeito da janela,
de pêlo negro e olhos amarelos
concentra a sua atenção em algo que não se vê.

O Gato sentado à janela,
de pêlo escuro e olhos dourados
só presta atenção a algo que não se vê.

Rosa de Prata

A Rosa de Prata tão bela e perfeita,
no jardim de ouro e mármore,
tão frágil e imponente,
tão brilhante e reluzente.

A Rosa de Prata é a única rosa
do jardim dourado e marmóreo
onde os Zéfiros se passeiam
e as Deusas e Ninfas beijam o chão.

A Rosa de Prata está presa ao jardim
preso na perfeição.

sábado, 15 de agosto de 2009

Rio

A água cantando
pelas pedras grandes e pequenas,
rodeada pela vegetação.

O caminho é íngreme,
areia e pedras quase me fizeram cair,
mas nada chegou para me impedir.

Não me importava de ficar aqui para sempre.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Memórias


Passo por aquela paisagem tão simples,
aqueles sobreiros tão gastos pela idade
mas com tanto pela frente...
Logo me lembro daqueles momentos.

Aquele riso tão próprio,
tão desprovido de coisas más.
As partilhas que provam a amizade.
A cumplicidade eterna.
Tudo tão genuíno.


(em grande parte, à Genésia)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Desencontros

Caminhamos em estradas estreitas, paralelas.
Ris bem alto e nem me vês,
nem vês que te bebo os passos.
Não olho sequer para a minha estrada.

Continuas tão seguro de ti,
sem medo algum do caminho que percorres.

Pela primeira vez ponho os olhos no meu,
não consigo ver-lhe o fim,
apenas a linha ténue do horizonte.
Os nossos caminhos nunca se cruzam.


(à Filipa, por ser o preferido dela)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Gruta


Virando a esquina da rocha,
vejo o espaço que o mar ainda não engoliu.

Aquele espaço tão cheio de tudo e tão cheio de nada,
cheio de magia e de areia e pedra.

A abertura que a rocha deixou formar
permite que uma réstia de sol entre.

O mar avança levemente na sua direcção
chamando-a pelo nome.
(ao Gordo, meu admirador, o primeiro a lê-lo)

sábado, 8 de agosto de 2009

Paraíso


Paraíso dos paraísos,
a água que reflecte o céu,
lugar mágico e inigualável.

Magnífico pela sua simplicidade,
paraíso dos paraísos.


(obrigada ao Jorge por me ter mostrado os lindíssimos vídeos da extraordinária Bolívia, que me inspiraram para este poema. Por isso, dedico-lho)

O Céu sai à rua

O Céu sai à rua.
No seu vestido azul-claro de seda
passeia-se no meio dos outros,
confundindo-se com eles,
com um brilho que mais ninguém vê.

O Céu sai à rua.
No seu vestido azul-escuro negro de seda
passeia-se no meio dos outros,
confundindo-se com eles,
deixando que o brilho se perca.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Necessidade

Necessidade intemporal,
sentimento eterno,
de mudança, algo novo
que faça diferença,
que faça viver com emoção.

Necessidade eterna,
sentimento intemporal.