segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Estado


O caminho de pedras de calçada
branco sujo,
com a grade, os arbustos de folhas grandes de um lado,
o vazio, o barulho, as máquinas mortas do outro,
dizem-me que tenho de ir.

Quero voltar para trás, mas as pernas avançam maquinalmente,
como se alguém lhes tivesse dado corda
num segundo de distracção.

O vento, gentilmente, refresca a minha cara, gelando-a.
Ergo a cabeça para o céu, num suspiro conformado
e vejo-o cinzento.
Um cinzento escuro, muito escuro,
terrivelmente escuro, quase tão escuro como carvão,
onde as nuvens movem os corpos indefiníveis, rapidamente,
numa sensação de desânimo permanente.

Ora desabafam chorando grossos pingos de chuva que caem furiosos no asfalto culpado,
ora disfarçam o choro com a chuva que mal se sente,
que cai surdamente nas folhas caídas, secas, por estalar.

Sem comentários:

Enviar um comentário